Nunca pensei que me sentisse mais minha ao ser tua. Foi no teu toque que me apuraste os sentidos. Estas nossas possessões que nos guardam os demónios. Não, nunca os deixes partir , porque nunca irão para onde pertencem. É no nosso ser que devem gritar de prazer. É nos gemidos húmidos, que se devem acorrentar. Deixa-os dançar sobre a nossa sepultura, vendo-nos renascer a cada noite. Foi no teu corpo quente que nunca pensei encontrar o gosto, o vicioso gosto, de estar a arder nas tuas labaredas. Foi sim, nas tuas formas que reconheci os meus contornos e as minhas cores. Negras cores do mais íntimo e profundo, que me era desconhecido. Essas chamas que nunca iluminam as nossas encarnadas sombras. Vivo essa desejada ânsia de morrer em teus lábios. Se algum dia pensasse que a vida em teus olhos teria este ensanguentado paladar , teria voado como voa o vento, assombrando o nosso lado mais escuro. O terror seria uma gargalhada, sinistra, engarrafada à mercê das marés tendo o luar como berço. A