O tédio
Nem sei o porquê de ter este nome, Salvador, como se um nome nos definisse hoje em dia. Somos números, cada vez mais. Centenas passam por mim como massas de carne sincronizadas. Transportadas por caixas de metal de um lado para o outro.
Com os meus fones nos ouvidos a ouvir “ november Rain”, as massas entram e saem no ritmo. Acabo por sair também, com os minutos contados e as solas a fazer o “ TIC TAC” até me sentar em frente ao monitor. Os meus tímpanos continuam a vibrar ,”I’m spending my time…”.
Durante 9 horas mecanizadas estou fechado num bloco de cimento. Chega o momento de ir. O vazio é meu companheiro, nesta jornada até o sol nascer, no eterno processo dos Deuses. Ao voltar, o sono apoderou- se de mim e pela primeira vez sonhei.
Alguém levava-me pela mão, via os seus cabelos a ondular como as ondas num dia de verão. Tinham reflexos dourados como as bijuterias da minha avó.
E corríamos, como se fugíssemos de algo . Passamos salas vazias com cantos escuros, de azulejos part