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A mostrar mensagens de setembro, 2020

sentada

Descansado , doente, pele , boca, tomate, batata, velocidade, luxo, rio ,cidade, actual ,moderna, erudito, sereno. Sentei-me , via os olhares sobre mim mas segui o movimento. Em velocidade erudita olhei a porta , na espectativa de te ver passar por ela , sempre na espetativa de te ver. Sentaste te a meu lado , entre nós estava um luxo atual , as luzes não o ofuscaram enquanto a nossa conversa estremecia a cidade descansada. Sou de paixões fáceis , um coração vadio mas simples , que só quer ser companheiro. Ja esse , não reconhece sentimentos profundos , amarrado a ele próprio e intocável . Tu disseste me , sim disseste me , disseste o que não queria ter ouvido . Sentados sobre a nossa pele moderna como carapaça. E continuaste a dizer que o amor não existia ali . E eu já o vi em nós tantas vezes. 

"(Des)Humano" Telmo Alves

Aperto de mão refletido nas cinzas da ignorância colectiva. Explode o torresmo salival termodinâmico em que residimos. O brilho incessante, o sorriso constante da primazia obtusa pela incapacidade moderna de gerar empatia. Olha, vê bem, não repares, liga te ao projecto, faz parte, sê falso, na perspectiva verdadeira do inquérito quotidiano. Todos um só, um só degredo, que por entre contos e ditos mantemos olhares indiscretos sobre o abismal portentoso secretismo, de que chamamos, humanidade... A merda fantástica dos nossos antepassados, a verborreia das redes sociais, o suicídio social, siga, diverte te enquanto há tempo. Sê "humano..."

vazio

Vou despedaçada, ando sem coração , sou um vazio fusco que anda e fala . Pedaço de carne que circula nas ruas , aqui dentro não há nada, nem lágrimas existem. O escuro jorra se pelas minhas veias, o profundo pulsa na minha pele. Ando pela estrada sem direção porque nada tenho dentro de mim. Nem mal nem bem. Vou despedaçada, sem coração sem nada , sem sentir o gelo que me rodeia , cega para as sombras que tento engolir. Sigo , empurrada pela minha miséria, sendo a vítima das minhas escolhas, coloquei me a descoberto, não pussuo nada, nem mesmo me tenho.

tempo

Por esse rio erudito, onde tudo corre , tudo mesmo, mesmo o nosso tempo. Nesse luxo doente , carente de cuidado, nos vemos perdidos, desejosos do que não podemos ter. É nesse rio actual que penso em tudo , em tudo tudo,  em tudo mesmo, mesmo no nosso tempo . A luxúria com que nos gastamos fez perder o que nos era mais valioso. O rio erudito corre e continuamos cegos a tudo, a tudo mesmo, mesmo ao nosso tempo. Confio, confio mesmo ao ver o rio correr , essa velocidade actual , que me penetra a pele descansada, mas que não era suposto. Vejo que nos desgastamos, que como pedras desse rio tornamo- nos areia, culpa desse luxo doente que consumimos sem contemplar o nosso tempo que é o mais valioso, mesmo nosso.

cidade doente

Salta a batata veloz , saltita fervelhante de mão em mão , ninguém se resguarda, todos a querem pegar . É triste ver sair dessa boca luxuosa esse antro de hipocrisia , que vai saltitando , vasculhando cada mente , a ver se cabe por lá. Acha sempre espaço para repousar. Cidade doente esta, contaminada pelos boatos , que são batatas velozes a entrar nas cabeças , reviram as mentes e põem os instintos a gritar por guerra. Vejo-me a circular por elas , cabeças vorazes, e sinto-me um tanto fora , algo atual , talvez uma pele atual, um rio sereno, uma boca descansada, a travar qualquer tentativa fortiva dessa cidade doente. Cidade doente , batata veloz , boca luxuosa, pele actual

insecto

De púrpura meus olhos deixaste , inseto sangrento a bater na janela. Escorro-me pelas esquinas engordurado na tua frieza , ainda que não tenha essa  acidez constante... Escolheria não me apetecer mas está tudo à superfície e tu o sabes decor... És ministra deste desperdício aveludado. Vicio speedado o meu , que de ferida em ferida me corta ao meio , me abre , me retalha e tu danças no sangue vomitado, jorrado nas teias. O horroroso cintilar dessa felicidade me exorcisa e habita. Desaparece de mim mesmo que te sugue feito insecto cerebral .