o enterro



Andei pelos desertos onde o teu corpo fui riscando com o tempo como ombro.
 Fui vendo miragens do nosso amor em oásis floridos, mas  a necessidade de ti me cegou para a realidade de viver sem a tua presença.
 Enquanto vagava só , vi nas areias as nossas memorias dissolverem se por entre as dunas que ia construindo e continuei, fiz te o funeral do mais ardente que tinha, a sentir o fogo ainda a consumir me por dentro, e continuei. Fui em busca de frio, ao sabor de tempestades , lutando com as forças da natureza e quando finalmente cai no areal , vencida , tu sais da tua cova e me mostras de novo a tua brisa fresca.
 Agora não quero oásis floridos , pois aprendi a ter o ombro do tempo para me acolher, agora não quero a tua presença pois sei caminhar sozinha, agora não preciso das nossas memorias porque me reconstrui depois de enterrar um pouco de mim contigo.

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