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Código

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Foi loucura o nosso momento, a que imediatamente codificamos com sinais que só nós e o universo entenderiam. Por fim, reparei que de nada valiam códigos se o momento não passou disso mesmo . Uma troca, em que não prevalecia a justiça , dava-te tudo o que tinha e tu o que não tinhas . Em momentos encontrei-me nesse olhar que na realidade vejo que sem ti jamais me irei encontrar. Momentos que tiram o folgo, que levam a alma, que escondem sentimentos. Momentos que são isso mesmo ... Códigos perdidos em alguém que nunca memorizou a tua chave no momento.

solidão

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É que me deixaste só E vivia cheia do teu ser Mas tornaste me em pó Vivendo sem viver. É que me deixaste só Perdida à tua espera, Tão triste que metia do Imbecil a minha figura. É que me deixaste só a aprender a andar, E na garganta deixaste um nó Que fugiste para não desatar. É que não vou cair de novo, De menina me tornei mulher, E nas calamidades me movo Sem mais o passado ver. É que não vou cair de novo Pelo menos desse jeito, Tudo o que se igualar a ti removo Sem rodeios nem respeito.  

o enterro

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Andei pelos desertos onde o teu corpo fui riscando com o tempo como ombro.  Fui vendo miragens do nosso amor em oásis floridos, mas  a necessidade de ti me cegou para a realidade de viver sem a tua presença.  Enquanto vagava só , vi nas areias as nossas memorias dissolverem se por entre as dunas que ia construindo e continuei, fiz te o funeral do mais ardente que tinha, a sentir o fogo ainda a consumir me por dentro, e continuei. Fui em busca de frio, ao sabor de tempestades , lutando com as forças da natureza e quando finalmente cai no areal , vencida , tu sais da tua cova e me mostras de novo a tua brisa fresca.  Agora não quero oásis floridos , pois aprendi a ter o ombro do tempo para me acolher, agora não quero a tua presença pois sei caminhar sozinha, agora não preciso das nossas memorias porque me reconstrui depois de enterrar um pouco de mim contigo.

Estou cansada

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O cântico dos pássaros anuncia uma manhã fria, a neblina adensa a paisagem e permanece nos meus olhos, estou cansada... O desfoque persiste e já não reconheço ninguém, vultos circulam como espíritos muribundos a levantar o pó, e eu cansada... Ousso os gemidos desses espíritos espalhados a tocar nas árvores, elas queixam-se ao vento, e continuo aqui cansada... As brisas levam tudo com elas, e a chuva dá cor aos espíritos, aos gemidos e às angústias, estou tão farta de estar cansada... Vou limpar o rosto, colorir a neblina dos meus olhos, e dançar à chuva com os espíritos ao som da melodia dos gemidos das angústias, para não mais me cansar, de estar cansada... 

Sinto

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Sinto, mas vivo na camada mais superficial existente, em que seres como eu não passam de arquivos , como pragas, que ao mínimo toque contaminam a pureza indecifrável de alguns . Eu sinto, por mais ridiculo que possa parecer, eu sinto... Algo de loucos para os demais acima da superfície. Com o supérfluo de ter em mãos, estas vidas em quantidades exorbitantes, que se tornam uma banalidade. Aqueles dedos tão habituados a tais habilidades viram nos do avesso, sem a noção que apesar dos pesares , sentimos . E nesta camada superficial eu sinto , que não devia sentir, pois quando nos elevamos já nada se sente . Talvez seja essa a razão, que utilidade tem sensibilidade no céu?

Lembro- me

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Lembro- me de ti , nas noites silenciosas deste quarto . Onde o silêncio trás partes de ti , pequenos recortes , peças que me marcaram de alguma maneira e que agora apenas flutuam entre os compartimentos deste lugar. Já não sei amar sem ti , no fundo, nem mais me reconheço . Será que eras assim tão preciso para formares uma mera mulher ? Vou caindo aos bocados neste silêncio , e ninguém dá conta . Lembro-me de ti , dos nossos flashs, dos sítios que iria por ti , se não te nascesse outra alma nesse corpo. Este quarto tem aguentado a decomposição constante das noites despidas de ti. Mas eu lembro- me de tudo e dos nossos silêncios que agora engulo , porque até isso serve nesta minha fome .

Podridão

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Meu corpo estava ali enquanto minha alma vagueava nas ruas ... Procuro te incansável, sem mesmo saber o que procuro, apenas sei, que és parte de mim . Em Cada beco ou cruzamento, vasculho aquilo que visualizo como o ideal perfeito mesmo sabendo que o que talvez procure seja a imperfeição, ou o valor desta. Parece que me escorres pelos dedos e isso me corta por dentro , a cada dia mais um pouco apodrece. Não gosto como está o meu interior , a frieza de quem está a morrer aos poucos já me ultrapassa. E tu contínuas a esconder te  ... E a deixares ficar os golpes profundos ganhar infecção ... Porquê?